VIDA PARA NOSSOS OSSOS SECOS

“Não deixe a tua esperança morrer. Não deixe teus ossos secarem. Segue profetizando...”
Naqueles dias Israel estava longe dos caminhos do Senhor. Eles haviam tido quatro reis idólatras e agora estavam no exílio. Naquele momento Deus chama um homem para profetizar ao povo, este homem era Ezequiel.
Trazer palavras de bênção é fácil, mas esta não era a missão de Ezequiel. Uma breve olhada em seu livro, no Velho Testamento, já nos dá uma idéia da dura tarefa que o Senhor lhe designara. O futuro não era dos melhores para os israelitas.
Mas o profeta havia tido um chamado claro, como vêmos em Ezequiel, capítulos 1 e 2. É dele a visão quadrangular, repetida em apocalipse, de um Deus que Salva, Batiza, Cura e Voltará.
E como quanto maior o compromisso, maior a visão, Deus deixa claro a ele (capítulo 2): “Na tua boca coloco as minhas palavras”, o faz comer o livro (um símbolo disto), e o adverte sobre a rebeldia do povo .
Mas talvez uma das visões mais conhecidas de Ezequiel seja a do capítulo 37, o vale dos ossos secos. Para entendermos essa visão é interessante lembrar algumas peculiaridades culturais comuns aos judeus exilados.
Uma forma deles expressarem sua tristeza e falta de esperança no que diz respeito ao retorno à pátria era dizer: “Os meus ossos se secaram e a minha língua se apegou ao céu da boca.”
Eles diziam: “Estamos secando neste país.” e Deus usa a expressão do próprio povo para falar ao profeta e o leva a ver um vale repleto de ossos secos, sequíssimos (Ezequiel 37:1-10).
Na arqueologia o primeiro problema ao se encontrar uma ossada é juntar os ossos e saber qual se liga a qual, depois disso é feita então a restauração da ossada, que em muitos casos já está se esfarelando.
Mas o que vemos é Deus perguntando a Ezequiel: “Você crê que esses ossos podem voltar à vida?” E ele diz: “Tu o sabes.” Na visão humana não havia como, não havia vida alguma naqueles ossos.
Mas o profeta profetizou, como Deus ordenara, e diz o texto que surgiram tendões e carne, que aqueles ossos se levantaram, mas ainda não havia vida neles, eram como estátuas de carne e osso.
Aquela era a palavra de Deus que saía da boca de Ezequiel com poder criador, poder de vida. E quando o profeta deu o resto da profecia aqueles ossos ganharam vida.
E nos versos 11 a 14 do capítulo 37 de Ezequiel Deus fala ao profeta dizendo: “Esses ossos são o meu povo no exílio.” A história de Ezequiel nos faz pensar em algumas coisas:
1) Deus age de acordo com um cronograma. Ele tem ordem, trabalha passo a passo. Muitas vezes queremos sair pulando as etapas, mas o Senhor tem um plano, um planejamento.
Deus tem palavras proféticas para a nossa vida, mas elas vão se cumprir a seu tempo. Por outro lado, muitas palavras, ditas “proféticas”, não vêm de Deus, e precisamos saber discernir. As palavras do Senhor nem sempre são boas, mas elas invariavelmente se cumprem e trazem paz ao nosso coração.
2) Deus é um Deus de início, meio e fim. Como diz o texto de Filipenses 1:6 “Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus.” Deus não deixa as coisas pela metade. Aparentemente não havia solução, mas para Deus a situação era outra, Ele via além daqueles ossos.
Em nossas vidas muitas vezes estamos assim, não vemos saída. Como Ezequiel diante dos ossos secos só podemos pensar em lamentar o fim inevitável. Mas Deus quer que olhemos mais longe.
Hoje o Senhor te diz: “Não deixe a tua esperança morrer. Não deixe teus ossos secarem. Segue profetizando que eu sou o Deus que pode levantar os ossos secos.

Pr. Renato Cajeron